Potenciais barreiras na implementação da atenção primária na saúde suplementar brasileira

Quais são os desafios de programas voltados à atenção primária (APS) dentro da saúde suplementar? O artigo “Atenção primária na saúde suplementar brasileira: estudo qualitativo em planos de saúde”, procurou responder alguns destes questionamentos. Ele foi escrito por Alberto José Niituma Ogata, Ana Maria Malik, Gabriela Spanghero Lotta, Adriano Massuda, Laura Schiesari, Marcella Freitas e publicado na  Revista de APS.

O foco foi analisar os fatores que podem ser potenciais barreiras para uma maior escala da APS na saúde suplementar brasileira. Para o desenvolvimento do trabalho, foram entrevistados 12 profissionais de diferentes operadoras de saúde. Todos atuavam na gestão de programas de assistência primária.

Os dados colhidos no estudo foram condensados em cinco pontos: desafios para a implantação da APS no sistema de saúde suplementar; condições para a implementação da APS; condições para ampliar escalas; integração da APS com os outros níveis; e por último engajamento dos usuários.

Abaixo segue uma síntese do que foi abordado no artigo.

Desafios para a implantação da atenção primária no sistema de saúde de suplementar

Entre os desafios, citados pelos entrevistados pelo estudo para implantação da APS no sistema de saúde suplementar, está a própria cultura das operadoras de saúde. Os gestores estão acostumados a serviços de saúde de complexidade secundária e terciária. Os entrevistados citam que esta forma de trabalho, com foco no serviço de especialistas, propicia conflitos na adoção de atendimento mais voltados à integralidade.

Um outro desafio é que as operadoras têm dificuldade de precificar e esperar o retorno financeiro. A APS não funciona dessa forma. Exige uma coordenação interna ao sistema para o cuidado integral nos três níveis de atenção. E os resultados aparecem somente a médio e longo prazo.

Um outro ponto é quanto à integração entre os sistemas de monitoramento e os registros eletrônicos. Os registros eletrônicos são importantes para que seja feito um acompanhamento longitudinal ao paciente.

E também deve-se conscientizar o usuário. Muitos têm preconceito à atenção primária, ao fazer uma associação errônea ao atendimento do serviço público. Ou acreditam ser uma forma de barrar o atendimento aos especialistas. Os clientes também têm uma rotatividade alta, o que não permite um modelo de atenção primária contínua.

Condições para a implementação da atenção primária

São muitas as dificuldades encontradas na hora de implementar a APS no sistema de saúde suplementar. É necessário um trabalho em conjunto entre gestores, departamento comercial, recursos humanos e a equipe da atenção primária. Os gestores e tomadores de decisões precisam acreditar e ter confiança no poten­cial do projeto de trazer resultados a médio e longo prazo. A APS requer um papel de destaque no plano estratégico e ser ordenadora de serviço.

A área comercial também precisa estar envolvida, para que a atenção primária seja comercializada como serviço prioritário e de qualidade. Ela deve ser apresentada aos clientes como um serviço diferenciado, que também é uma forma de eliminar preconceitos.

Quanto aos profissionais, é preciso capacitá-los para atuar no modelo da atenção primária, principalmente devido à alta rotatividade que existe nesta área. A atenção primária deve ser a porta de entrada e ordenadora de assistência, encaminhando os pacientes aos especialistas quando necessário. Para isso é necessário criar protocolos para orientar o fluxo dos usuários. O serviço também precisa respeitar as questões geográficas e demográficas e as características do público atendido.

Condições para ampliar escalas

A APS precisa ter condições de ampliar os atendimentos. Para isso, é preciso que a gestão estratégica evidencie a atenção primária como ordenadora do cuidado. As métricas e a qualidade dos serviços devem ser monitoradas constantemente. E o foco deve ser a satisfação do usuário e não a produtividade.

Como não existe essa cultura na saúde suplementar, é preciso criar incentivos financeiros para integrar as especialidades ao primeiro nível de atendimento. Isto pode ser feito através de tabelas de remuneração diferenciada para operadoras e serviços, que tenham fluxos de referência e contrarreferência bem estruturados e efetivos.

O comercial continua a ser importante. É necessário adequar as estratégias comerciais das operadoras de saúde, como ampliar a faixa etária dos clientes e a definição de preços competitivos para aumentar a adesão e fidelizar os usuários.

É preciso também oferecer centros de atenção primária com acesso facilitado ao público-alvo, integrar os registros e o prontuário eletrônico, além de investir em telemonitoramento e na relação direta entre os pacientes e a equipe. Este monitoramento do paciente e de suas condições de saúde é fundamental para a integralidade do cuidado. Os pacientes têm de ser monitorados até após a alta, mesmo que isso signifique que tenha recuperado a saúde.

Também é importante dar prioridade aos recursos humanos designados para o cuidado, incluindo os médicos de família e comunidade. E definir áreas prioritárias de atuação. Uma sugestão dos profissionais é o foco em saúde da mulher, gestação, doenças crônicas e emagrecimento, entre outros temas para atrair pacientes.

Integração da APS com os outros níveis

A atenção primária à saúde precisa ser efetivada como o ordenador do sistema e acionador dos demais níveis de atenção. Cabe a ela, através do médico da família e comunidade, fazer os encaminhamentos para os especialistas. É muito importante criar serviços de referência e contrarreferência que integrem os diferentes níveis de atenção, que facilitem o acompanhamento pós-alta. Um outro ponto é a adesão de prontuários eletrônicos de saúde, que possibilitaria acompanhar integralmente os pacientes e mapear os hiperutilizadores da rede pelas operadoras. Os últimos poderiam ser integrados à APS.

Engajamento dos usuários

Como engajar os usuários e fazer com que continuem a participar da APS? Os usuários precisam compreender os beneficiários, o diferencial e a relevância de um atendimento integral. Para isso, é necessário criar estratégias de divulgação das benesses de um atendimento integralizado e a longo prazo.

Atualmente, a maioria dos contratos são empresariais, e por isso são necessárias ações em conjunto com as empresas contratantes, atuando junto aos setores de recursos humanos e saúde ocupacional.

Outras ações são a isenção da coparticipação e o acesso a programas voltados a públicos específicos, como para tabagistas, obesos, pacientes de saúde mental, etc. O investimento na agilidade do atendimento e no acesso aos médicos é uma estratégia que pode aumentar a adesão.

Sobre o Previva

A importância da atenção primária à saúde é reconhecida há décadas. Já se tem ciência de que é um elemento central na organização do sistema de saúde, estimula o autocuidado, reduz desperdícios e redundâncias. Porém, ainda não é amplamente adotada na saúde suplementar brasileira.

A APS deve ser o primeiro contato do paciente com o sistema de saúde. Um estudo realizado com dados dos Estados Unidos e do Reino Unido, citado pelo artigo, mostrava que 94%  dos  problemas de saúde de adultos poderiam ser resolvidos no “primeiro contato”. Somente 6% teriam que ser repassados a serviços de maior densidade tecnológica.

Como foi mencionado no artigo, a tecnologia da informação deve ser uma aliada na gestão na atenção primária. Com o software de Previva, os médicos podem mapear a carteira, identificar os hiperutilizadores e monitorar os exames feitos pelo paciente, internações, procedimentos. Com essa ferramenta o time de APS fará toda gestão da jornada do paciente e ainda solicitar exames periódicos quando necessários, que é um importante passo para antecipar possíveis complicações e avaliar corretamente.  

Assim que a operadora traçar o perfil dos beneficiários, pode observar quais doenças crônicas são mais incidentes. Estas informações são importantes para criação de planos de ação ou até mesmo de  programas para incentivar hábitos saudáveis.

 Saiba mais sobre como a  tecnologia pode auxiliar nos programas de medicina preventiva . 

 

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