O infarto agudo do miocárdio é a segunda principal causa de mortes entre os brasileiros, perdendo apenas para as doenças cerebrovasculares.

De acordo com os dados mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, tivemos 90.811 óbitos decorrentes do popular “ataque cardíaco” em 2015.

Grande parte deles foram causados pela demora em identificar os sintomas do infarto.

Nas operadoras de saúde, a prevenção de doenças cardiovasculares costumam focar na mudança de hábitos alimentares e na prática de atividade física.

em dúvida, estas são ações essenciais para evitar que as pessoas desenvolvam as condições para que o infarto aconteça.

Mas quando falamos de prevenir mortes por doenças cardiovasculares, a estratégia de medicina preventiva da sua operadora não pode parar aí.

Além de todos os esforços na prevenção primária, também é fundamental esclarecer e informar seus beneficiários para que consigam identificar os sintomas do infarto ainda no seu início.

É extremamente importante estar atento ao menor sinal de um ataque cardíaco, já que 65% das mortes por infarto acontecem na primeira hora depois que o problema se manifesta e 80% delas nas primeiras 24 horas.

Mas você sabia que os sintomas do infarto podem se apresentar de forma diferente nos homens e nas mulheres?

Veja a seguir as principais diferenças entre os sexos no que se refere à identificação de um ataque cardíaco em andamento.

O infarto nas mulheres

Um estudo publicado no Jornal da Associação Médica Americana apontou as principais diferenças entre os sintomas do infarto nos homens e nas mulheres.

Entre as conclusões dos pesquisadores está a de que a dor no peito, a idade e o sexo não são mais os principais indicadores de um ataque cardíaco em andamento.

Ou seja:

Atradicional imagem que temos de uma vítima de infarto (um senhor de idade levando a mão no peito) não corresponde exatamente à realidade em todos os casos.

De acordo com o estudo, cerca de 40% das mulheres que infartam não apresentam os sintomas típicos observados nos homens, como a dor forte no peito que se irradia para os membros e a mandíbula.

A dor nas mulheres costuma ser menos intensa e muitas vezes surge acompanhada de sintomas não-específicos, como náuseas e fraqueza.

Essa diferença entre os sexos fica evidente quando se analisam pacientes com idade inferior a 65 anos.

A partir dessa idade, os sintomas apresentados por homens e mulheres vão se tornando mais semelhantes.

Como resultado dessa apresentação atípica do infarto nas mulheres, muitas vezes o diagnóstico se torna mais demorado, o que acaba atrasando o tratamento e contribuindo para o maior número de óbitos entre a população feminina.

Estimativas apontam que a probabilidade da mulher morrer de infarto é 50% maior.

Entre os fatores está o menor calibre das artérias, o que faz faz com que a obstrução por placas ateromatosas seja mais grave.

Diferenças na ação do colesterol

Outro estudo, publicado pela Associação Americana do Coração, mostrou que existem diferenças entre os sexos com relação ao tamanho, localização e aparência das placas ateromatosas (formadas pelo excesso de colesterol no sangue).

A pesquisa apontou que as mulheres têm a tendência de formar estas placas em toda a extensão dos vasos sanguíneos, enquanto nos homens elas normalmente se formam na porção inicial das artérias.

A frequência e a facilidade com que as placas se “quebram” também é diferente.

Apesar dos homens analisados no estudo possuírem placas maiores, foram as mulheres que apresentaram maiores fatores de risco cardiovascular relativos a obstruções arteriais.

Os pesquisadores afirmam que entender estas diferenças pode levar a uma melhoria nos processos de diagnóstico e tratamento das mulheres sob risco de ataque cardíaco.

Muitas infartadas não sentem dores no peito

De acordo com o estudo norte-americano, as mulheres jovens e de meia idade nem sempre sentem as dores no peito que costumamos relacionar como um dos principais sintomas do infarto.

A pesquisa foi baseada em dados de 1.000 pacientes jovens hospitalizadas com síndrome coronária aguda (SCI), nome dado ao conjunto de sinais relacionados à obstrução de uma artéria coronária.

Apesar das dores no peito serem o sinal mais comum de ataque cardíaco para ambos os sexos, os pesquisadores descobriram que uma em cada cinco mulheres com idade inferior a 55 anos infartaram sem apresentar esse sintoma.

Além disso, as mulheres em geral são menos propensas a sentirem dores no peito antes de um infarto.

A pesquisa também apontou não existir uma correlação direta entre a existência de dores no peito e a gravidade do ataque cardíaco.

Sintomas do infarto em homens e mulheres

Além das dores no peito, veja que outros sintomas são comuns a ambos os sexos durante um ataque cardíaco:

• Dor ou desconforto em um ou ambos os braços, nas costas, pescoço, mandíbula ou abdome.
• Náuseas
• Vômito
• Suor frio
• Tontura e desmaio

Contudo, existem alguns sintomas que são mais frequentes nas mulheres e que não podem ser ignorados. São eles:

• Dificuldade de respirar, com ou sem desconforto no peito
• Enjoos
• Fraqueza ou cansaço inexplicável
• Desconforto no peito
• Arritmia cardíaca

Por serem diferentes da dor pungente no peito que costumamos relacionar com o infarto, muitas vezes estes sintomas podem ser negligenciados ou tratados com um simples “mal-estar”.

Por isso é tão importante esclarecer as mulheres (e também seus familiares) sobre esses sinais atípicos de que um ataque cardíaco pode estar acontecendo.

A informação, nesses casos, pode salvar uma vida.