Operadoras de saúde: como começar um programa de medicina preventiva

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por volta do ano 2020 as doenças crônicas não transmissíveis serão responsáveis por 80% dos problemas de saúde que afetam a humanidade.

Diante desse prognóstico, fica evidente o quanto é crucial adotar uma abordagem mais preventiva nos modelos de gestão da saúde.

No universo da saúde suplementar isso inclui gerar uma nova percepção de valor a respeito do plano de saúde.

Ainda muito ligadas à assistência e tratamento de doenças, as operadoras devem se mostrar cada vez mais preocupadas com o bem estar e a qualidade de vida de seus beneficiários por meio de ações voltadas à promoção da saúde, redução de riscos e prevenção.

Mas você sabe quais são os primeiros passos para começar um programa de medicina preventiva?

como começar um programa de medicina preventiva

Se a sua operadora está estruturando agora um departamento de medicina preventiva e começando a planejar seus primeiros programas de promoção à saúde, invista alguns minutos do seu tempo para ler as dicas que daremos a seguir.

Lembre-se:

A própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em seu  Manual Técnico de Promoção da Saúde, defende que a criação de programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças deve ter como objetivo “a mudança do modelo assistencial vigente no sistema de saúde e a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários de plano de saúde, visto que grande parte das doenças que acometem a população é passível de prevenção”.

Por onde começar

O processo de planejamento deve incluir uma definição inicial dos objetivos do programa e do seu público-alvo, além das áreas da saúde que se pretende atingir, as ações a serem implementadas e os resultados desejados.

Segundo a Cartilha para a Modelagem de Programas para Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças da ANS, alguns aspectos devem ser considerados antes de começar um programa de medicina preventiva:

  • Capacitação profissional e qualificação da(s) equipe(s) de saúde;
  • Definição da metodologia de identificação dos indivíduos elegíveis ao programa;
  • Definição das regras de participação no programa;
  • Definição de indicadores para o monitoramento e avaliação das ações do programa dos resultados em saúde obtidos com o programa; da relação custo-efetividade das intervenções; da adesão dos beneficiários, entre outros;
  • Definição de projetos terapêuticos de acordo com a população do programa, com a descrição das ações e a periodicidade das atividades;
  • Definição dos objetivos, cobertura e metas do programa;
  • Definição dos protocolos clínicos a serem adotados no programa;
  • Desenvolvimento e implementação de sistema de informação para a gestão do programa;
  • Fortalecimento das estratégias de informação, educação em saúde e conscientização do usuário do programa;
  • Integração do programa com a rede prestadora de serviços de saúde;
  • Integração entre os profissionais da equipe multidisciplinar;
  • Produção de material didático auxiliar;
  • Possibilidade de vinculação a um profissional de saúde responsável pela continuidade e acompanhamento da linha do cuidado.

Conhecendo seu beneficiário

Além dos aspectos citados acima, uma condição essencial para se começar um programa de medicina preventiva é conhecer profundamente seu universo de beneficiários.

Quanto mais se sabe sobre o perfil epidemiológico de cada um, mais fácil se torna para a operadora planejar programas realmente relevantes e eficientes.

Informações como dados socioeconômicos, condições de saúde preexistentes, hábitos ou comportamentos de risco podem ser colhidas em diversas oportunidades e utilizadas na construção destes perfis.

Logo na assinatura do contrato, uma série de dados já podem ser obtidos por meio de um questionário inicial que deve ser respondido pelo contratante.

Outra fonte importante são as guias padrão para Troca de Informação de Saúde Suplementar (TISS).

Veja a seguir que tipo de informações podem ser obtidas em cada uma delas:

Guia de Consulta dados sobre o atendimento, especialidade do profissional.

Guia de Solicitação de Serviços Profissionais/Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Terapia (SP/SADT) – dados da solicitação, quantidade e tipo do exame, especialidade do profissional, hipótese diagnóstica.

Guia de Solicitação de Internação – dados da solicitação, regime de internação, desfecho da internação.

Todas estas informações também estão disponíveis no sistema de gestão da operadora.

Com a integração dele com o software de medicina preventiva é possível ter acesso direto a esses dados, conferindo ainda mais agilidade ao processo de selecionar os beneficiários elegíveis para cada programa.

Além destas fontes, a ANS disponibiliza outros dados importantes por meio de seus diversos sistemas de informação, como dados assistenciais no Sistema de Informação de Produtos (SIP), dados cadastrais no Sistema de Informações de Beneficiários (SIB) e dados econômico-financeiros no Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos de Saúde (DIOPS).

Em conjunto com o perfil de saúde dos beneficiários, estas informações podem auxiliar os gestores no planejamento e na implantação dos programas de medicina preventiva.

Informação é essencial

Agora que você já sabe onde colher os dados para traçar o perfil epidemiológico de seus beneficiários, é preciso decidir como estes dados serão analisados e sistematizados para que possam ser úteis.

Nessa etapa – bem como em todo o processo de coordenação do programa – o ideal é contar com a tecnologia.

Um software especializado na gestão de medicina preventiva, além de contribuir para o levantamento do perfil epidemiológico vai facilitar o trabalho de coleta das informações, otimizar a rotina dos colaboradores e diminuir o número de erros operacionais.

Além disso, com uma base de dados bem estruturada é possível utilizar filtros para analisar e segmentar o universo de beneficiários de acordo com os mais variados perfis.

Isso inclui desde características demográficas, como faixa etária e sexo, até características epidemiológicas, como fatores de risco, principais causas de adoecimento e de mortalidade.

Além de definir o perfil da carteira de beneficiários, o sistema de informação utilizado pela operadora deve ser capaz de contribuir para o monitoramento do programa e o acompanhamento da sua execução, levando em conta o andamento das atividades programadas e a participação dos beneficiários.

Com o auxílio do software é possível, por exemplo:

  • Controlar a entrada e a saída dos participantes;
  • Identificar a frequência de participação dos inscritos nas atividades do programa;
  • Emitir sinais de alerta para a busca ativa de beneficiários faltosos.
  • Monitorar os resultados obtidos pelos beneficiários inscritos no decorrer do programa.

Modelagem dos programas

Segundo as orientações da ANS, as operadoras poderão desenvolver os programas com base em três tipos de modelagens:

Gerenciamento de Crônicos – São programas direcionados a portadores de doenças crônicas e com risco assistencial e incluem ações para prevenção secundária e terciária, compressão da morbidade e redução dos anos perdidos por incapacidade.

Programa para População-Alvo Específica – Envolvem estratégias direcionadas a um grupo de indivíduos com características específicas e compreendem ações para a promoção da saúde e a prevenção de riscos e doenças em determinada faixa etária, ciclo de vida ou condição de risco.

Promoção do Envelhecimento Ativo ao Longo do Curso da Vida – Caracteriza-se pelo conjunto de estratégias orientadas para a manutenção da capacidade funcional e da autonomia dos indivíduos, incorporando ações para a promoção da saúde em todas as faixas etárias.

Dentro dos modelos estabelecidos pela ANS é possível organizar os mais diversos tipos de programa voltados à promoção da saúde, desde cursos para gestantes até grupos para prevenir a osteoporose na terceira idade.

O que importa é saber quais os principais problemas que afetam seu universo de beneficiários e estabelecer uma lista de prioridades para determinar quais deles serão atacados primeiro.

Comece implantando um programa de cada vez, com foco nas reais necessidades do seu público.

Como atrair o beneficiário

Como falamos anteriormente, um modelo defasado de atendimento de saúde acabou por criar uma imagem do plano de saúde como algo essencialmente ligado à doença.

Talvez isso explique por que as iniciativas de caráter preventivo em algumas operadoras ainda encontram dificuldades para atrair um número maior de participantes.

Portanto, depois de cumprir todas as etapas da preparação inicial para começar um programa de promoção à saúde, não se deve esquecer de investir no processo de convocação e adesão dos beneficiários.

Operacionalizados pelo software de gestão, os profissionais do departamento de medicina preventiva terão em suas mãos diversas opções para entrar em contato com aquelas pessoas que se enquadram nos perfis selecionados pelo programa.

A partir daí a equipe pode se organizar para fazer o convite por telefone, por e-mail ou mesmo em uma visita domiciliar, dependendo do caso.

Outra opção para aumentar a adesão é estimular a participação em troca de prêmios ou descontos na mensalidade do plano.

Na saúde suplementar, no contexto da regulação por incentivos, a ANS publicou em agosto de 2011 a Resolução Normativa 264, que dispõe sobre Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças, define conceitos e estabelece as modelagens dos programas, e a Resolução Normativa 265 que dispõe sobre os incentivos para a participação dos beneficiários nos programas, mediante a oferta de descontos e prêmios.

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