Obesidade materna gestacional aumenta o risco de doença hepática nos filhos

Crianças e jovens cujas mães tinham Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30 no início da gravidez têm risco aumentado de desenvolver doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), também conhecida como “fígado gorduroso”.

É o que diz um artigo publicado recentemente no Journal of Hepatology por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, e da Universidade de Harvard, nos EUA.

Além de demonstrarem que a obesidade materna no início da gravidez pode elevar as chances do filho desenvolver doença hepática gordurosa, os autores do artigo fazem um alerta aos profissionais de saúde ao redor do mundo:

“Se uma tendência à obesidade e à doença do fígado gorduroso pode ser herdada, isso pode ter consequências para a saúde pública”, afirma o Dr. Hannes Hagström, do Karolinska Institutet, que coordenou o estudo.

Ele acrescenta que, conforme as taxas de obesidade vêm aumentando também em mulheres em idade fértil, mais e mais jovens correm o risco de desenvolver DHGNA no futuro.

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O que é DHGNA?

Considerada a mais frequente doença de fígado dos dias atuais, a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é caracterizada pelo acúmulo excessivo de triglicerídeos (gordura) no fígado em indivíduos sem histórico de consumo excessivo de álcool.

Estima-se que entre 20% a 30% da população mundial seja portadora da doença, que afeta pessoas de todas as idades, incluindo crianças e adolescentes.

O quadro da doença pode permanecer estável por muitos anos e até mesmo regredir, desde que suas causas sejam identificadas e controladas.

Caso isso não aconteça, o agravamento da DHGNA pode levar a uma esteato-hepatite, que é quando o excesso de gordura se associa a inflamação, resultando em morte celular e fibrose no fígado.

Sem as medidas preventivas adequadas, um quadro de DHGNA pode evoluir para uma esteato-hepatite não alcoólica, com riscos consideráveis de progredir para uma cirrose ou um carcinoma hepatocelular (câncer de fígado).

Quando não controlada, ela também se torna um fator de risco para diabetes e doenças cardiovasculares.

Obesidade materna e doença hepática

O estudo feito na Suécia indicou haver uma forte associação entre o peso materno e a futura doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) na prole.

A metodologia envolveu identificar todos os suecos com até 25 anos de idade que foram diagnosticados com DHGN por meio de biópsia entre 1992 e 2016 e compará-los a um grupo de controle.

Foram identificados 165 pacientes nessas condições e seus dados foram comparados com outros 717 indivíduos para avaliar a relação entre obesidade materna e DHGNA.

As crianças tinham uma idade média de 12 anos, pouco mais de 60% eram meninos e quase metade tinha fígado gorduroso com fibrose. O grupo controle consistia em crianças e jovens sem esteatose hepática pareados por sexo e idade.

A partir do sistema sueco de registros de nascimentos, os pesquisadores puderam recuperar informações sobre o IMC da mãe durante o início da gravidez.

Analisando esses dados, eles descobriram que filhos de mães obesas (IMC acima de 30) tinham uma probabilidade três vezes maior de serem diagnosticados com doença hepática gordurosa em comparação com filhos de mães com IMC normal.

Alerta para a obesidade gestacional

Segundo o coordenador da pesquisa, não se pode dizer com certeza se a descoberta é um efeito biológico da obesidade materna no feto em crescimento ou se há explicações socioeconômicas, como aumento da ingestão de energia e estilo de vida pouco saudável após o nascimento.

“Mas, em qualquer caso, as grávidas ou futuras mães com obesidade devem receber conselhos sobre como podem reduzir o risco da criança desenvolver doença hepática gordurosa mais tarde na vida”, alerta o Dr. Hagström.

No texto do artigo, ele acrescenta que já foi demonstrado anteriormente que um IMC elevado no início da vida está associado ao desenvolvimento de doença hepática grave.

Na opinião do pesquisador, esses resultados sugerem que ser exposto à obesidade durante a idade reprodutiva também pode ter consequências entre as gerações.

Para você que é profissional de saúde e trabalha na área de medicina preventiva, o que esses novos dados indicam com certeza é a importância de orientar as mulheres para que mantenham um estilo de vida saudável e um IMC normal antes e durante a gravidez.

Além disso, todas as mulheres em idade reprodutiva que já foram identificadas com IMC elevado devem receber aconselhamento ativo e educação sobre como reduzir o risco de doenças relacionadas à obesidade em si mesmas e em seus filhos.

Isso inclui, entre outras medidas, abandonar hábitos alimentares nocivos e adotar uma rotina de exercícios físicos regulares.

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