Custo do tabagismo: Brasil perde R$ 56,9 bilhões por ano com doenças causadas pelo cigarro
O custo do tabagismo para a sociedade brasileira pode ser medido por duas perspectivas, ambas muito preocupantes. Por um lado, há uma deterioração da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos, com o aumento do risco de desenvolver doenças graves e incapacitantes. E por outro, há o prejuízo econômico gerado por estas doenças.
Estima-se que 12,6% de todas as mortes que ocorrem no Brasil são causadas por doenças decorrentes do hábito de fumar. Em 2015, um total de 156.216 brasileiros morreram por causa do cigarro – o que dá uma média de 428 por dia!
Neste mesmo ano, o custo do tabagismo para a economia foi estimado em R$ 56,9 bilhões, o equivalente a 1% do PIB brasileiro. Desse total, 70% são decorrentes de custos assistenciais (R$ 39,3 bi) e 30% relativos à perda de produtividade associada ao tabagismo (R$ 17,5 bi).
Os dados são resultado do primeiro estudo amplo sobre o impacto econômico do tabagismo realizado no país, lançado no ano passado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Com coordenação científica da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), da Universidade de Buenos Aires, a pesquisa Carga de Doenças e Custos Econômicos Atribuíveis ao Uso do Tabaco no Brasil está disponível na internet e pode ser baixada aqui.
Veja a seguir mais detalhes sobre os dados levantados neste estudo, sempre referentes ao ano de 2015:
Número de casos de doenças atribuíveis ao tabagismo
477.470 casos de doenças cardíacas
378.594 casos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
121.152 casos de pneumonia
73.500 casos de câncer (26.850 deles de pulmão)
59.509 acidentes vasculares cerebrais (AVCs)
Mortes anuais atribuíveis ao tabaco
34.999 por doenças cardíacas
31.120 por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
26.651 por outro tipos de câncer
23.762 por câncer de pulmão
17.972 por tabagismo passivo
10.900 por pneumonia
10.812 por acidente vascular cerebral (AVC)
Custos assistenciais associados ao tabagismo
R$ 15,99 bilhões com DPOC
R$ 10,26 bilhões com doenças cardíacas
R$ 4,53 bilhões com tabagismo passivo e outras causas
R$ 4,00 bilhões com outros cânceres
R$ 2,28 bilhões com câncer de pulmão
R$ 2,17 bilhões com acidente vascular cerebral (AVC)
R$ 146 milhões com pneumonia
Custos com perda de produtividade
R$ 9,99 bilhões com incapacidade para o trabalho
R$ 7,51 bilhões com mortes prematuras
Tratamento e prevenção do tabagismo
Dentro de uma abordagem voltada para a medicina preventiva e a promoção da saúde, o custo do tabagismo pode ser reduzido com ações educativas voltadas a quem ainda não desenvolveu o hábito de fumar (jovens, principalmente), ou por meio de auxílio terapêutico para quem deseja abandonar o cigarro.
De acordo com o protocolo Consenso para Abordagem e Tratamento do Fumante, publicado em 2001 pelo Ministério da Saúde, o tratamento do tabagismo deve incluir consultas médicas, sessões de terapia cognitivo-comportamental em grupo e uso de medicamentos. Este é o modelo adotado tanto no SUS quanto na saúde suplementar.
Após uma consulta de avaliação preliminar, o fumante é encaminhado para a terapia, que combina intervenções cognitivas com o treinamento de habilidades comportamentais.
Essa abordagem pode se dar individualmente ou em grupo, reunindo entre 10 a 15 fumantes. São quatro sessões iniciais estruturadas, com 90 minutos de duração, seguidas de 12 sessões, até completar um ano de tratamento. Para obter melhores resultados, recomenda-se que os encontros sejam semanais.
Quando necessário, o tratamento medicamentoso indicado é a reposição de nicotina (TRN) por meio de adesivos transdérmicos, goma de mascar ou pastilhas. Outro medicamento que pode ser utilizado como auxiliar para que o paciente abandone o hábito de fumar é o cloridrato de bupropiona (150 mg), um antidepressivo. A abordagem nesses casos é mais leve: deve ser feita durante as consultas de rotina e não durar mais do que cinco minutos.
A combinação da terapia comportamental ao uso de medicamentos é recomendada, apresentando resultados ligeiramente melhores quando a abordagem comportamental é mais intensiva. No artigo Custos do Programa de Tratamento do Tabagismo no Brasil, publicado em 2015 pela Revista de Saúde Pública da USP, no Brasil foram relatadas taxas de cessação entre 23,5% e 50,8% após pelo menos seis meses do início do tratamento.
Resultados das ações contra o tabagismo
Como forma de reduzir o alto custo do tabagismo, tanto o governo quanto as operadoras de saúde vêm investindo cada vez mais em ações de prevenção do hábito de fumar. E o resultado já começa a aparecer.
De acordo com a mais recente edição da Pesquisa Vigitel, no período de 2006 a 2016, a prevalência de fumantes nas capitais brasileiras caiu de 15,6% para 10,2%. Isso equivale a uma queda de 35% em dez anos.
Entre aqueles que fumam 20 ou mais cigarros por dia, a prevalência também foi decrescente: caiu de 4,6% para 2,8%.
Quanto aos fumantes passivos no trabalho, que entraram na pesquisa em 2009, a porcentagem caiu de 12,7% para 7,3% no período de sete anos.
Os números comprovam: a prevenção do tabagismo dá resultado!
Basta investir na medicina preventiva, organizando de forma cada vez mais eficiente ações voltadas aos fumantes que desejam abandonar o hábito.
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