Fatores de risco modificáveis: a chave para prevenir doenças crônicas

Já está amplamente comprovado que o câncer, o diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares e as doenças respiratórias crônicas compartilham fatores de risco ligados ao estilo de vida que são responsáveis por mais de dois terços dos casos.

Conhecidos como “fatores de risco modificáveis”, estes hábitos incluem o tabagismo, o consumo de álcool, a falta de atividade física e uma dieta pouco saudável.

O efeito cumulativo desses fatores se intensifica à medida em que o indivíduo envelhece e acaba se tornando preponderante para o surgimento da primeira doença crônica e de uma possível multimorbidade com o passar do tempo.

Por isso, se a sua operadora pretende trabalhar com programas de prevenção para reduzir a incidência dessas doenças, é fundamental compreender em que medida esses fatores estão impactando seus beneficiários em diferentes faixas etárias. 

Uma boa forma de começar é conferindo os resultados de uma pesquisa publicada no International Journal of Epidemiology, que buscou entender melhor essa relação entre idade e estilo de vida na incidência das principais doenças crônicas. 

Quer saber mais? É só continuar a leitura. 

Fatores de risco modificáveis e sua relação com a idade

No estudo publicado em 2020, pesquisadores da Universidade de Toronto avaliaram dados do sistema de saúde canadense com o objetivo de demonstrar a influência dos fatores de risco modificáveis ligados ao estilo de vida e suas associações com a idade até a primeira doença crônica.

Eles examinaram a relação entre idade, cinco fatores de risco modificáveis de estilo de vida (consumo de álcool, índice de massa corporal (IMC), tabagismo, dieta pouco saudável e sedentarismo) e a incidência da primeira doença crônica de um indivíduo.

Os dados analisados se referem ao histórico de saúde de 112.870 indivíduos e foram extraídos dos resultados de uma pesquisa anual sobre a saúde comunitária, realizada entre janeiro de 2000 e dezembro de 2014. 

A pesquisa considerou cinco fatores de risco modificáveis relacionados ao estilo de vida:

  1. Consumo de álcool;
  2. Tabagismo; 
  3. IMC ajustado com equações de correção para autorrelato;
  4. Consumo diário de frutas e vegetais;
  5. Atividade física.

E analisou a incidência de seis doenças crônicas relacionadas a esses fatores:

  1. Diabetes tipo 2;
  2. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  3. Acidente vascular cerebral;
  4. Insuficiência cardíaca crônica;
  5. Infarto do miocárdio;
  6. Câncer de pulmão.

Veja a seguir os principais resultados desse estudo.

Homens são mais suscetíveis às doenças crônicas

Aproximadamente 15% dos indivíduos analisados desenvolveram ao menos uma dessas seis doenças crônicas durante o período de estudo. 

No geral, a coorte teve 1,98 doenças crônicas por 100 pessoas-ano, com os homens tendo uma incidência maior do que as mulheres (2,09 vs 1,90 por 100 pessoas-ano). 

Das doenças selecionadas, a de ocorrência mais frequente foi diabetes (40,9%) seguida de DPOC (32,8%), acidente vascular cerebral (9,6%), insuficiência cardíaca crônica (8,2%), infarto do miocárdio (5,9%) e câncer de pulmão (2,6%).

A incidência cumulativa de qualquer uma delas foi maior no sexo feminino até os 48 anos, após os quais a incidência foi maior no sexo masculino.

Por sexo, 50% dos homens e mulheres apresentavam pelo menos uma das seis doenças crônicas aos 66,3 e 70,5 anos, respectivamente.

Na idade de 70,5 anos (expectativa de vida mundial em 2015), 50,9% das mulheres e 58,1% dos homens tinham pelo menos uma doença crônica.

Diabetes e DPOC começam mais cedo

O estudo canadense também calculou as incidências cumulativas de cada uma das seis doenças crônicas separadamente por idade, fornecendo informações importantes sobre a multimorbidade e indicando quais doenças costumam surgir mais cedo.

Os pesquisadores afirmam que o diabetes e a DPOC tendem a ocorrer primeiro, reforçando que os esforços de prevenção visando fatores de risco modificáveis – obesidade e sedentarismo (no caso do diabetes), e tabagismo (no caso da DPOC) – devem ser direcionados a pessoas mais jovens.

Sendo assim, um esforço para aumentar a conscientização nessa faixa etária certamente terá efeitos subsequentes no decorrer dos anos, melhorando a qualidade de vida e reduzindo a utilização de serviços de saúde.

Fatores de risco modificáveis e saúde populacional

Confira a seguir outros dados levantados pela pesquisa:

  • Indivíduos que não ingerem álcool estão associados a um risco maior para qualquer uma das seis doenças crônicas em comparação com os que bebem pouco.
  • Para ambos os sexos existe uma relação dose-resposta para o IMC, na qual níveis crescentes de sobrepeso e obesidade estão associados ao aumento do risco da primeira doença crônica.
  • Nas mulheres, aquelas consideradas fumantes pesadas têm maior risco de desenvolver a primeira doença crônica do que as fumantes leves, e as ex-fumantes pesadas ​​tinham um risco maior do que as ex-fumantes leves (associações semelhantes foram observadas em homens, mas em menor intensidade).
  • Em ambos os sexos, o risco relativo de desenvolver a primeira doença crônica aumenta à medida que o consumo diário de frutas e vegetais diminui.
  • Para ambos os sexos, menos atividade física aumenta o risco de qualquer uma das seis doenças crônicas. 

De uma perspectiva de risco relativo, a magnitude das associações entre os fatores de estilo de vida e idade para as primeiras doenças crônicas eram geralmente mais altas em mulheres do que em homens. 

No entanto, os homens tiveram uma incidência cumulativa mais alta dessas doenças.

A discrepância pode ser atribuída à alta carga de fatores de estilo de vida pouco saudáveis ​​em homens em comparação com mulheres. 

Esses achados destacam a importância de compreender a distribuição desses fatores na população de beneficiários da sua operadora.

Além disso, de acordo com os pesquisadores, eles indicam que as ações preventivas ​​podem ter um impacto maior caso os esforços sejam direcionados a segmentos da população com escolhas de estilo de vida não saudáveis, mesmo se eles estiverem em menor risco em uma escala relativa.

Associações de fatores de risco com doenças específicas

Ao relacionar os fatores de risco modificáveis com algumas doenças crônicas específicas, a pesquisa canadense reforça o fato de que a influência dos hábitos ligados ao estilo de vida acontece de forma diferente dependendo da doença.

Como esperado, o tabagismo eleva consideravelmente os riscos de muitas das doenças crônicas selecionadas, e verificou-se que as associações para o tipo de fumante (por exemplo, fumante frequente) eram mais fortes para certas doenças.

Não beber foi associado a um risco aumentado para várias das doenças crônicas escolhidas em ambos os sexos. Esses achados concordam com vários estudos existentes que mostram que o consumo moderado de álcool está associado à redução da incidência de doenças crônicas, como doença cardíaca coronariana e diabetes.

De maneira geral, os resultados da pesquisa ressaltam a importância de utilizar estratégias de prevenção de saúde específicas para idade e sexo focadas na mudança de hábitos ligados ao estilo de vida para prevenir várias doenças simultaneamente, em vez de estratégias para doenças específicas.

E pode ter certeza:

Independente das diferenças que existam entre a realidade da saúde brasileira e da canadense, esta é uma excelente reflexão para você levar para dentro da sua operadora.

Continue acompanhando nosso blog e até a próxima!

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