Asma e comorbidades: inatividade física pode agravar os sintomas
A relação entre a asma e as comorbidades associadas à doença ainda é pouco explorada no tratamento e na gestão dessa condição crônica.
Mas isso promete mudar com os resultados de uma pesquisa recentemente publicada no periódico European Respiratory Journal.
O estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Newcastle, na Austrália, mapeou de forma inédita as comorbidades mais comuns entre pacientes com asma.
Na pesquisa, os pacientes com os piores desfechos e com a maior dificuldade para controlar a doença foram aqueles que apresentaram condições como sedentarismo, obesidade e sintomas de ansiedade e/ou depressão.
Os resultados demonstraram a importância de avaliar também as características extrapulmonares de modo a melhorar a qualidade dos cuidados voltados a pacientes com asma moderada e grave.
Vamos conhecer mais detalhes deste estudo pioneiro?
A asma no Brasil e no mundo
A asma é uma das doenças crônicas não transmissíveis mais comuns, caracterizada por uma obstrução reversível das vias aéreas que podem desencadear falta de ar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam atualmente cerca de 235 milhões de pessoas sofrendo de asma em todo o mundo.
O Brasil é um dos países com o maior número de casos, com cerca de 6,4 milhões de asmáticos, segundo o Ministério da Saúde.
O papel das comorbidades no agravamento da asma
O objetivo principal do estudo era entender os fatores e comorbidades mais prevalentes entre adultos que sofrem de asma e qual o papel dessas comorbidades na maior ou menor gravidade da doença.
O estudo acompanhou 296 pacientes portadores de asma moderada a grave (243 do Brasil e 53 da Austrália), em sua maioria do sexo feminino, com sobrepeso, baixa atividade física, alto tempo de sedentarismo e obstrução leve das vias aéreas.
A maioria (68%) dos participantes tinha asma não controlada e 64% deles havia experimentado pelo menos uma crise com a exacerbação dos sintomas nos últimos 12 meses.
Dentro desse universo foram identificadas 15 comorbidades ligadas à asma:
- osteoporose,
- disfunção das cordas vocais,
- dislipidemia,
- doença intestinal,
- hipotireoidismo,
- diabetes,
- dermatite,
- síndrome da apneia obstrutiva do sono
- sinusite,
- comprometimento musculoesquelético,
- distúrbio psicológico,
- hipertensão,
- obesidade,
- doença do refluxo gastroesofágico,
- rinite.
Praticamente todos os participantes (98%) apresentavam ao menos uma dessas comorbidades e mais da metade do grupo tinha três ou mais.
As comorbidades mais prevalentes foram doença do refluxo gastroesofágico, obesidade, hipertensão e distúrbio psicológico.
Inatividade física, obesidade e ansiedade
Os pesquisadores dividiram os participantes em quatro grupos de acordo com características (fenótipos) não relacionadas diretamente à asma, mas que se mostraram determinantes para a qualidade de vida do paciente e para o desfecho positivo ou negativo da doença.
Os participantes da pesquisa foram divididos em:
Fisicamente ativos (25%)
Principalmente mulheres com sobrepeso que tinham a asma controlada.
Pouco ativos (27,5%)
Com menos pacientes do sexo feminino, esse grupo tem indivíduos com sobrepeso e alguns obesos, a maioria com sintomas de asma não controlada.
Moderadamente ativos, obesos e ansiosos (23%)
Grupo formado em sua maioria por mulheres obesas com sintomas de asma não controlada.
Fisicamente inativos, obesos e ansiosos (24%)
Este grupo se caracteriza pelo aumento dos sintomas de ansiedade e depressão. Mesmo recebendo tratamento medicamentoso adequado, a maioria apresenta sintomas de asma não controlada.
O que muda na prevenção e controle da asma?
Antes do resultado desse estudo, a recomendação para pacientes com asma moderada e grave era evitar a prática de exercícios para prevenir possíveis crises da doença.
Com isso, a inatividade física e o sedentarismo passaram a ser considerados consequências inevitáveis na vida dos pacientes com asma, levando-os a desenvolver quadros de obesidade, ansiedade e depressão.
Contudo, o estudo mostrou que tratar essas comorbidades pode ser tão importante quanto tratar a própria asma.
Segundo os pesquisadores, quanto mais comorbidades a pessoa tinha, maior era o risco de complicações.
Isso sugere que, além do tratamento respiratório, é fundamental manter o paciente fisicamente ativo, com peso sob controle e cuidando da sua saúde mental.
O ideal é que os asmáticos que vêm de longos períodos de sedentarismo comecem aos poucos a se tornar mais ativos, evoluindo a intensidade e a frequência da atividade física gradualmente, sempre com o acompanhamento de um profissional da saúde.
Mas não é preciso se tornar um atleta profissional. Manter o hábito de caminhar 30 minutos por dia já pode contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida e controlar os sintomas da asma.
O que sua operadora pode fazer?
Agora que você já sabe disso, que tal criar um programa de promoção da saúde voltado para a promoção da atividade física para pacientes com asma?
Ou então começar a cruzar os dados de comorbidades para identificar aqueles portadores da doença que precisam de uma intervenção mais urgente?
Com a ajuda de um sistema especializado em gestão de medicina preventiva, é possível fazer tudo isso de forma automatizada com a ajuda da tecnologia.
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