Planos de saúde: número de beneficiários com fatores de risco para Covid-19 passa de 10 milhões

Qual é a prevalência dos fatores de risco para Covid-19 entre os beneficiários das operadoras de saúde no Brasil?

Para responder essa questão, pesquisadores do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) cruzaram dados estatísticos do setor com informações dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde para tentar quantificar essa população.

Uma das fontes do estudo O Novo Coronavírus no Brasil e Fatores de Risco em Beneficiários de Planos de Saúde (ver em PDF) foi a mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que apontou o percentual de portadores de doenças crônicas entre os beneficiários de planos de saúde em 2013.

De acordo com a PNS, naquele ano 23,3% dos usuários de planos de saúde foram diagnosticados com hipertensão arterial, 7% com diabetes, 5% com asma ou bronquite asmática, 2% com doença no pulmão ou DPOC, 1,6% com Insuficiência renal crônica e 1,2% com AVC ou derrame.

Para estimar a situação em 2020, os pesquisadores do IESS aplicaram esses mesmos percentuais a dados estatísticos do setor datados de fevereiro deste ano, quando os planos médicos-hospitalares no país tinham cerca de 47 milhões de beneficiários.

Analisando a prevalência das principais doenças crônicas em tempos de pandemia, calcula-se que as operadoras têm hoje quase 11 milhões de beneficiários com hipertensão, 8,8 milhões com obesidade, 3,3 milhões com diabetes, 2,4 milhões com asma, 938,6 mil com doença pulmonar, 753,9 mil com insuficiência renal crônica e 571,0 mil com AVC ou derrame.

Contudo, os pesquisadores alertam que a quantidade total de indivíduos com fatores de risco não é igual a soma de todos esses números, pelo simples motivo de que uma mesma pessoa pode ser portadora de duas ou mais comorbidades.

Isso deve ser levado em conta, principalmente quando se sabe que a multimorbidade atinge cerca de um quarto dos brasileiros em idade adulta, sendo mais frequente entre os idosos.

Fatores de risco para Covid-19 e a questão etária

Entre os 47 milhões de beneficiários registrados nas operadoras de saúde em fevereiro, 6,6 milhões (14%) tinham mais de 60 anos de idade.

Diante do fato de que, segundo dados do Ministério da Saúde, 69% das mortes por Covid-19 até 17 de maio de 2020 foram nessa faixa etária, fica claro para os gestores de saúde que esta população merece uma atenção especial neste momento de pandemia.

O estudo do IESS utilizou também dados da pesquisa Vigitel Saúde Suplementar 2017, que analisou o percentual de beneficiários de planos de saúde com hipertensão, obesidade e diabetes nas capitais brasileiras de acordo com a faixa etária.

Esta pesquisa deixou claro que a prevalência desses três fatores de risco aumenta com a idade. Por exemplo, mais da metade (57,1%) dos beneficiários com 65 anos ou mais relataram diagnóstico de hipertensão e cerca de um em cada cinco sofriam de diabetes (20,0%) ou obesidade (18,6%).

Usando os mesmos percentuais, os pesquisadores do IESS estimaram o número de pessoas com esses três fatores de risco por faixa etária nas operadoras brasileiras em fevereiro de 2020, considerando apenas a população das capitais.

Nesse contexto, o estudo destaca que mais da metade dos beneficiários hipertensos e sete em cada dez diabéticos têm mais de 55 anos, enquanto entre os obesos três em cada cinco estão na faixa de 25 a 54 anos.

Obesidade aumenta o risco entre os jovens

Embora a maior parte dos óbitos por Covid-19 ocorra entre os idosos, a obesidade já começa a ser vista como o principal fator de risco para quem tem menos de 60 anos e contraiu a doença.

Os pesquisadores do IESS destacaram os resultados prévios de uma pesquisa recente indicando que quase metade (48%) das infecções pelo novo coronavírus no Brasil nos primeiros dias da pandemia se deu entre pessoas de 20 a 39 anos.

Na conclusão do estudo eles demonstram grande preocupação com este índice, levando em conta que mais da metade (1,4 milhão) dos 2,6 milhões de beneficiários adultos obesos residentes nas capitais brasileiras em 2017 tinham entre 18 e 44 anos de idade, enquanto 845,2 mil tinham entre 45 e 64 anos e 408,4 mil tinham 65 anos ou mais.

Conhecendo o novo coronavírus

“Por se tratar de um novo vírus ainda faltam estudos, vacinas, remédios e levantamentos sobre essa nova doença”, avaliou o superintendente executivo do IESS, José Cechin, ao anunciar o lançamento do estudo.

“Procuramos descrever brevemente o cenário da pandemia no Brasil, com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, e contribuir com o conhecimento das estatísticas da saúde suplementar disponíveis até o momento para municiar as instituições no combate à doença”.

Segundo ele, a publicação vem em um momento fundamental, quando o país se aproxima de 1,5 milhão de casos de Covid-19 e tem mais de 60 mil mortes causadas pela doença.

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