O papel do médico em uma equipe de atenção primária à saúde (APS)
Estar à frente de uma equipe de APS é um grande desafio, pois é preciso dar resposta a demandas muito complexas e variadas.
Por isso, o papel do médico de atenção primária deve ser acima de tudo resolutivo.
Sendo o profissional responsável pela coordenação do serviço de atenção primária em uma operadora, ele deve estar focado em proporcionar as condições para que o beneficiário identifique na unidade de saúde um local que está disponível para atender seus problemas sempre que precisar.
Formação básica de uma equipe de APS
De acordo com o manual de boas práticas em atenção primária da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a equipe encarregada do serviço de atenção primária deve ter um caráter multiprofissional e interdisciplinar.
A base da equipe é um profissional de medicina de perfil generalista, ou seja, um médico de família e comunidade ou médico especialista em clínica médica com capacitação e experiência em APS.
Além do médico, a configuração mínima para uma equipe de APS ainda inclui um enfermeiro especialista em saúde da família ou generalista e mais outro profissional de saúde de nível superior.
Caso a carteira de serviços de atenção primária da operadora inclua procedimentos, torna-se obrigatória a presença de um segundo profissional de enfermagem (enfermeiro ou técnico em enfermagem).
Acrescentando outros profissionais
Outros profissionais podem contribuir para reforçar a composição de uma equipe de APS na sua operadora, ampliando a capacidade de atendimento às demandas dos beneficiários.
De acordo com as especificidades de cada projeto, pode ser fundamental contar com os serviços de nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, etc.
Por exemplo: caso a APS contemple saúde bucal, ter um cirurgião dentista na equipe torna-se obrigatório, em um número proporcional à quantidade de beneficiários de planos com odontologia.
O papel do médico na atenção primária à saúde
Segundo a pediatra Barbara Starfield, uma das principais referências internacionais na área de APS, os interesses e habilidades envolvidos na prestação da atenção primária devem ser diferentes daqueles envolvidos na atenção especializada.
No livro Atenção Primária – Equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia, ela afirma que os médicos que praticam a atenção primária devem ser capazes de “tolerar a ambigüidade”, já que muitos problemas nunca alcançam o estágio de um diagnóstico que possa ser codificado utilizando a nomenclatura padrão.
Além disso, eles devem se sentir confortáveis para estabelecer e manter um relacionamento com os pacientes, sabendo lidar com problemas para os quais não há “nenhuma aberração biológica demonstrável”.
Outra qualidade importante para o médico no serviço de APS é conseguir manejar vários problemas de uma vez, mesmo que eles não estejam relacionados em etiologia ou patogênese.
O treinamento do médico de atenção primária
O médico habilitado para trabalhar com APS deve ser capaz de responder aos desafios impostos pelas mudanças nos padrões de doenças e saber utilizar as tecnologias adequadas para prevenir, curar ou amenizar os efeitos de uma doença.
E com o processo cada vez mais avançado de envelhecimento da população, a complexidade nesses padrões só tende a aumentar.
Sendo assim, a epidemiologia clínica, a tomada de decisões a economia e o treinamento nas ciências sociais e comportamentais relacionados à saúde serão cada vez mais parte da formação do profissional especializado em atenção primária.
Para a Dra. Starfield, as doenças com manifestações multissistêmicas e de etiologia multifatorial mudarão a forma como os profissionais de saúde lidam com as necessidades dos pacientes e como eles se relacionam com a comunidade.
“Os médicos de atenção primária do futuro se tornarão administradores médicos e colaboradores de equipe em uma extensão muito maior do que no passado. Isto exigirá habilidades na alocação de recursos, integração e coordenação, além de monitoramento do desempenho e garantia da qualidade.” – Barbara Starfield
Segundo a especialista, os avanços na tecnologia da informação podem auxiliar muito os serviços de APS, principalmente no diagnóstico e no manejo dos pacientes.
Além disso, a tecnologia também pode fornecer um mecanismo mais eficaz para a obtenção de aconselhamento por consultores, bem como facilitar a atenção coordenada nessa área.
Médicos de atenção primária e outros especialistas
Na unidade de atenção primária, a doença se apresenta em um estágio mais inicial do que na atenção especializada.
Em muitos casos, os especialistas só começam a atuar sobre o problema depois que o paciente foi encaminhado por um médico de atenção primária.
Com base nestas considerações, a Dra. Starfield sugere que a atenção primária deve ser coordenada por profissionais treinados em APS e oferecida em estabelecimentos específicos para esse tipo de atendimento.
Entretanto, quando o tamanho e a complexidade de uma operação alcançam um determinado nível, o coordenador da área deve planejar, alocar recursos, supervisionar e coordenar o trabalho de especialistas, além de monitorar os resultados.
Ainda segundo a Dra. Starfield, um dos principais desafios da atenção primária é decidir quando encaminhar o paciente a um subespecialista.
Ela sugere que os subespecialistas e os médicos de atenção primária decidam conjuntamente quem deve ter a responsabilidade por tratar determinados tipos de problemas e em que estágios um encaminhamento é indicado.
Tais decisões podem variar de área para área, conforme variam a incidência e a prevalência do problema. Algumas vezes, até mesmo um modelo de atenção compartilhada pode ser o mais indicado.
O papel dos profissionais não-médicos na APS
Os profissionais não-médicos também desempenham um papel significativo na prestação de serviços de atenção primária à saúde.
Afinal, são poucos os médicos que trabalham sozinhos. A maioria conta ao menos com o apoio de outra pessoa para interagir com pacientes no consultório.
Dessa forma, alguns membros da equipe de APS podem simplesmente ter a função de receber os pacientes, marcar consultas ou registrar dados administrativos.
Outros podem participar das consultas prestando auxílio ao médico, seja realizando tomadas radiográficas, coletando sangue para exames laboratoriais, administrando medicamentos ou imunizações, ou até mesmo auxiliando em um procedimento cirúrgico.
Além disso, profissionais da área de enfermagem podem fazer visitas de atenção domiciliar, prestar orientações sobre o tratamento médico ou mesmo resolver algum problema social que esteja interferindo no tratamento.
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