Infarto entre jovens: aumento no número de casos demanda ações preventivas
Atualmente, há um consenso entre os especialistas em doenças cardiovasculares que o número de casos de óbitos por infarto entre jovens está aumentando na população brasileira.
Embora não existam estudos recentes, dados do Ministério da Saúde indicam que o número de vítimas de infarto no miocárdio com menos de 40 anos vem subindo gradualmente desde 2010.
Segundo dados do DataSUS, naquele ano 2.288 pessoas nessa faixa etária morreram de complicações decorrentes de um infarto. Seis anos depois, registrou-se um total de 2.746 vítimas, entre as quais 1.997 tinham entre 30 e 39 anos.
Outra pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2013 indicou um aumento de 13% no número de casos de infarto entre jovens adultos com até 30 anos.
Apesar do percentual de jovens que sofrem com o enfarto ainda ser relativamente pequeno, o aumento no número de casos revela a proliferação de hábitos pouco saudáveis que acabam comprometendo a saúde dos indivíduos desde muito cedo.
O infarto em jovens é mais forte?
Em primeiro lugar, quando falamos de infarto entre jovens, é importante esclarecer uma informação que vem sendo muito difundida por pessoas leigas: a de que estas ocorrências são “mais fortes” quando a pessoa tem menos idade.
Não exatamente assim, conforme vamos ver.
Definitivamente, o jovem costuma ter mais força física para suportar o impacto de um infarto e suas consequências para a saúde.
Por outro lado, segundo os especialistas, as pessoas com menos idade não apresentam o que se convencionou chamar de “circulação colateral”, uma condição mais presente em pessoas acima dos 40.
Como se sabe, a maior parte dos processos de arteriosclerose costumam levar alguns anos. Isso geralmente dá tempo para que o organismo encontre alternativas para fazer o sangue chegar ao coração.
A circulação colateral é uma dessas alternativas. Ela consiste na formação de pequenos vasos sanguíneos ao longo do tempo, que acabam compensando a eventual falta de irrigação causada por uma artéria entupida.
Diante do fato que 10% das vítimas morrem na primeira hora após o infarto, podemos concluir que esta proteção a mais é muito valiosa pois dá à vítima um tempo extra até a chegada do socorro.
Isso talvez justifique a crença de que o infarto entre jovens é mais forte. Na verdade, o que ocorre nesses casos é que não houve tempo para desenvolver esses vasos e isso pode influenciar no índice de mortalidade.
Qual é a idade de risco para o infarto?
Entre os especialistas há um consenso de que não se pode determinar uma idade de risco, já que a possibilidade de ter um episódio de infarto aumenta consideravelmente de acordo com o nível de exposição a fatores e comportamentos de risco.
Fatores como estresse, tabagismo, obesidade, diabetes e hipertensão estão cada vez mais presentes na vida dos menores de 40 anos. Além disso, o uso de drogas, como cocaína, crack e anabolizantes também contribui para o risco de infarto.
Em linhas gerais, um jovem que fuma, está acima do peso e ingere bebidas alcoólicas de forma exagerada corre um risco maior de apresentar um quadro de dislipidemia, que pode evoluir para uma arteriosclerose e levar a um infarto.
Mais representativo do que a idade, há um outro fator de risco que devemos considerar: a circunferência abdominal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o tamanho da cintura é o indicativo mais preciso para avaliar o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas (incluindo o câncer).
Existem ainda outros agravantes, como o histórico familiar. Quem tem na família um parente próximo que teve um infarto com menos de 55 anos deve tomar cuidado extra.
Quando essa predisposição genética vem acompanhada de hábitos desregrados, surge o risco de desenvolver uma arterioesclerose precoce. Em pessoas com menos de 40 anos, essa combinação é potencialmente fatal.
Nesses casos, recomenda-se manter um acompanhamento cardiológico a partir dos 20 anos de idade.
Como identificar o infarto em jovens
Assim como os sintomas do infarto em homens e mulheres têm suas diferenças, um episódio de ataque cardíaco em uma pessoa mais jovem também costuma ser um pouco diferente do que acontece entre os mais velhos.
Entre os jovens os sintomas são geralmente mais visíveis e incluem uma forte dor no peito irradiando para os braços, sudorese fria, mal estar, náuseas e vômitos
Nas pessoas idosas esses sintomas não costumam ser tão explícitos, e muitas vezes o infarto pode se manifestar como uma falta de ar ou um desconforto torácico leve.
Mas seja qual for a idade da vítima, o mais importante nos casos de infarto é o tempo decorrido do início dos sintomas até a desobstrução da artéria. Quanto maior esse intervalo, maiores são as chances de sequelas.
Cuidados preventivos pós-infarto
Uma das principais consequências de um episódio de infarto entre jovens é o paciente desenvolver insuficiência cardíaca decorrente da morte das células do miocárdio. Outra sequela comum é o surgimento de arritmias e anginas (dores no peito) que não existiam antes.
De maneira geral, um jovem que sofreu infarto sem maiores complicações pode ter alta após cinco dias de internação, depois de realizados os procedimentos de angioplastia e/ou colocação de stent.
Em 30 dias já é possível retomar as atividades normais, desde que seja mantido um acompanhamento regular com o médico cardiologista.
Prevenção primária do infarto entre jovens
A mudança de hábitos deve ser o principal foco em uma estratégia para a prevenção do infarto entre jovens. Isso vale tanto para a prevenção primária quanto para o tratamento de quem está se recuperando de um ataque cardíaco.
Por isso, sua operadora de saúde deve incluir nos programas de promoção da saúde orientações para a adoção de uma dieta pobre em sódio, carboidratos e gorduras. Além, é claro, de incentivar a prática de exercícios físicos, o combate ao tabagismo e o controle do colesterol, da pressão arterial e da glicemia.
Outra medida importante é conscientizar os beneficiários sobre a necessidade de fazer exames preventivos regulares. Fazer campanhas para promover o diagnóstico precoce é uma estratégia fundamental para detectar os chamados “infartos silenciosos”.
Com o acompanhamento adequado, é possível identificar se uma criança tem propensão a desenvolver problemas cardíacos, especialmente se houver antecedentes familiares.
Tais medidas, principalmente quando aplicadas ao público jovem, são cada vez mais necessárias para a manutenção da saúde e da qualidade de vida da população no futuro.
Ainda mais quando a Revista Pesquisa Fapesp cita resultados de duas pesquisas sobre a saúde dos jovens brasileiros que vêm alarmando os profissionais de saúde.
Segundo os estudos, um em cada quatro adolescentes no país está com excesso de peso, enquanto um em cada dez tem hipertensão arterial. E mais: um em cada cinco apresenta taxas de colesterol total acima do nível recomendável para a sua faixa etária.
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